segunda-feira, 6 de outubro de 2025

A difícil equação de Marília Arraes na Frente Popular

 

Foto: Léo Caldas

Por Edmar Lyra

Apesar de continuar liderando todas as pesquisas de intenção de voto para o Senado em Pernambuco, Marília Arraes enfrenta grande dificuldade para se firmar como candidata viável dentro da Frente Popular. O nome da ex-deputada é, sem dúvida, o mais competitivo eleitoralmente, mas o cenário político atual tem se mostrado pouco favorável à sua consolidação. Em 2026, a disputa deve polarizar entre a governadora Raquel Lyra, que tentará a reeleição, e o prefeito do Recife, João Campos, provável candidato do campo oposicionista. Nesse contexto, a Frente Popular — grupo que apoia João — trabalha para montar uma chapa majoritária com partidos de maior representatividade e estrutura, o que acaba deixando Marília em uma posição de incerteza.

A ex-deputada traz no currículo duas derrotas majoritárias consecutivas — em 2020, quando disputou a Prefeitura do Recife contra João Campos, e em 2022, na corrida ao Governo de Pernambuco, contra Raquel Lyra. Embora tenha obtido votações expressivas em ambas as ocasiões, Marília ficou sem mandato e sem um partido forte que lhe garanta sustentação política. O Solidariedade, legenda à qual está filiada, tem pouco peso eleitoral e escassa capilaridade, o que dificulta a construção de um projeto majoritário em torno do seu nome.

Além disso, o fato de ser prima de João Campos ainda gera desconforto entre lideranças do bloco que o apoia. Parte dos aliados do prefeito avalia que uma candidatura de Marília pela Frente Popular poderia criar ruídos internos e dividir espaço com outros nomes que vêm se movimentando com mais estrutura partidária, como representantes do PT, do MDB e do Republicanos — legendas consideradas essenciais para alavancar a campanha de João ao Governo do Estado.

A despeito disso, ninguém ignora o peso eleitoral de Marília. Sua força nas urnas, seu recall e sua capacidade de diálogo com o eleitorado lulista a tornam uma figura de grande valor político. É por isso que, mesmo sem um partido robusto, seu nome segue sendo lembrado em todas as análises sobre 2026. Caso consiga costurar uma aliança sólida e encontrar espaço em uma das chapas majoritárias, pode se tornar um reforço decisivo na corrida pelo Senado, agregando voto e densidade popular ao projeto que fizer parte.

Por outro lado, se não for integrada a um projeto majoritário, o caminho mais natural para Marília seria buscar uma cadeira na Câmara dos Deputados. A disputa proporcional lhe ofereceria a oportunidade de preservar seu capital eleitoral, manter protagonismo e se recolocar estrategicamente no tabuleiro político estadual.

Marília Arraes segue, portanto, como um nome de peso, mas cercado por desafios. Sua viabilidade não depende apenas das pesquisas, mas da capacidade de articulação política e partidária — fatores que, até aqui, têm sido o maior obstáculo para transformar seu potencial eleitoral em um projeto concreto de poder.

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