Por Edmar Lyra
Com 43% do eleitorado de Pernambuco concentrado na Região Metropolitana do Recife, a disputa pelo governo estadual se desenha com fortes nuances, e o desfecho pode depender justamente deste colégio eleitoral. De um lado, a atual governadora Raquel Lyra busca a reeleição apoiada por nove prefeitos, contando também com a força da máquina pública do interior, que historicamente tende a favorecer quem ocupa o cargo. De outro, o prefeito do Recife, João Campos, aposta na capital e na influência de prefeitos estratégicos como Vinicius Labanca (São Lourenço), Lula Cabral (Cabo), Carlos Santana (Ipojuca) e Flávio Gadelha (Abreu e Lima) para alavancar sua candidatura.
O cenário político de Pernambuco revela um embate clássico entre a força do interior e o peso da metrópole. Raquel Lyra tem na sua trajetória recente indicadores de aprovação que giram em torno de 60% no estado, conferindo-lhe um conforto considerável, especialmente nas cidades menores. Esse histórico sugere que a governadora pode manter um desempenho sólido fora da região metropolitana, onde a política local e a proximidade com a administração estadual pesam decisivamente. A presença da máquina pública e o reconhecimento de seu trabalho no interior representam, assim, uma vantagem estratégica que dificilmente será facilmente superada pelo adversário.
Entretanto, a disputa na Região Metropolitana do Recife, maior colégio eleitoral do estado, é um terreno onde João Campos pode desequilibrar a balança. O prefeito não apenas governa a capital, mas também carrega consigo o legado político da família Campos, um fator que ultrapassa a mera gestão atual e toca diretamente o imaginário do eleitorado. O reconhecimento dos governos de Eduardo Campos e o sentimento de continuidade política associada ao seu herdeiro conferem ao prefeito um capital simbólico que pode ser decisivo para contrabalançar a força de Raquel Lyra no interior.
Além disso, a articulação política de João Campos com prefeitos estratégicos da região metropolitana amplia seu alcance, permitindo que ele amplie a penetração eleitoral em municípios-chave onde a governadora não dispõe de aliados diretos. O jogo de apoios locais torna-se, portanto, central, pois cada prefeito pode mobilizar recursos, lideranças e eleitores em favor do candidato que apoia, aumentando as chances de vitória em áreas de alta densidade populacional.
Por outro lado, Raquel Lyra enfrenta o desafio de neutralizar o peso simbólico da família Campos na capital. A governadora precisará combinar sua aprovação consolidada no interior com estratégias voltadas para o eleitor urbano, buscando atrair aqueles que valorizam tanto a gestão local quanto a experiência administrativa do Estado. O sucesso dessa aproximação pode ser o diferencial que garante a manutenção de seu mandato.
Em síntese, Pernambuco vive um momento de alta complexidade eleitoral, no qual o interior mantém sua tendência histórica de apoiar quem governa, enquanto a Região Metropolitana do Recife se torna o grande campo de batalha da eleição. Raquel Lyra tem a vantagem da melhora significativa da sua popularidade e da máquina estadual, mas João Campos aposta no peso político familiar e no comando da capital para desafiar a candidata à reeleição. O equilíbrio entre essas forças promete definir o próximo governador, tornando a disputa estadual um dos embates mais observados do país neste ciclo eleitoral.
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