segunda-feira, 1 de maio de 2023

Eduardo Campos não foi determinante nas eleições de 2008

 

Foto: Divulgação

Por Edmar Lyra

Com a vitória da governadora Raquel Lyra (PSDB) em 2022, quebrando uma hegemonia de dezesseis anos do PSB, que inclusive seu pai, o ex-governador João Lyra Neto, fez parte como vice de Eduardo e governador por nove meses, há muita expectativa sobre o papel da tucana nas eleições do próximo ano, especialmente no Recife, onde o atual prefeito João Campos tentará a reeleição.

Apesar de que quem ocupa o Palácio do Campo das Princesas tem grande protagonismo na política estadual, a história mostra que pelo menos na eleição subsequente, ou seja, a disputa municipal não aponta para grande influência do governante pelo fato de estar tomando pé da situação e imprimindo um modelo de gestão. Geralmente a percepção da força política do governante é aferida entre o terceiro e quarto ano de gestão, vide o ex-governador Paulo Câmara, que mesmo tendo um governo contestado nos três primeiros anos, acabou reeleito em primeiro turno nas eleições de 2018.

O exemplo maior que tivemos foi Eduardo Campos, que nas eleições de 2008, subsequente à disputa em que ele quebrou uma hegemonia de oito anos do jarbismo através da União por Pernambuco, o então governador não foi determinante para a construção de aliados. No Recife, por exemplo, pesou muito mais a força do então prefeito João Paulo para a vitória de João da Costa do que o prestígio do então governador.

Em Jaboatão, por exemplo, Eduardo viu seu preferido, André Campos, ser derrotado em primeiro turno para Elias Gomes. Em Petrolina, não conseguiu eleger Gonzaga Patriota, que acabou derrotado por Julio Lossio. Evidentemente que alguns aliados venceram disputas naquela ocasião, como José Queiroz em Caruaru, Yves Ribeiro em Paulista, Pedro Serafim em Ipojuca e Lula Cabral no Cabo, mas essas vitórias tiveram forte componente local, sem uma participação efetiva de Eduardo nestes processos eleitorais.

Apenas em 2012, após uma expressiva vitória com 83% dos votos válidos sobre Jarbas Vasconcelos, foi que Eduardo foi capaz de eleger alguns aliados de seu interesse, vide Carlos Santana em Ipojuca, Vado da Farmácia no Cabo, Dilsinho em Moreno, e a cereja do bolo que foi Recife, quando conseguiu eleger Geraldo Julio em primeiro turno após a confusão envolvendo o PT e João da Costa.

Esses fatos mostram que a governadora Raquel Lyra não terá obrigação de ganhar nos grandes colégios eleitorais, em especial o Recife em 2024, até porque a responsabilidade de vitória é de quem está no cargo tentando a reeleição, no caso João Campos, que faz uma gestão bem-avaliada e possui todo favoritismo para conquistar o segundo mandato. Portanto, uma vitória de João está longe de ser uma derrota de Raquel, a não ser que ela decida atuar diretamente no Recife para isso, se lograr êxito dividirá o bônus da vitória com seu candidato, mas se tiver um envolvimento exacerbado e o nome for derrotado por João, a derrota será debitada na conta da governadora.

A governadora Raquel Lyra terá que se preocupar em chegar fortalecida em 2025 e especialmente em 2026, quando deverá tentar a reeleição, até lá terá tempo de sobra para imprimir sua marca e colocar a máquina pra funcionar do jeito que ela pretende para melhorar a vida dos pernambucanos.

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