Por Edmar Lyra
A eleição de 2026 para o Governo de Pernambuco, polarizada entre João Campos (PSB) e Raquel Lyra (PSD), promete ser um divisor de águas na história política do Estado. Mais do que a escolha do próximo governador, o pleito carrega consigo o peso de definir quem exercerá o protagonismo político nos próximos dez anos. A disputa, portanto, não se resume a 2026: seus efeitos se estenderão diretamente às eleições municipais de 2028 e à sucessão estadual em 2030. É, em essência, uma eleição que vale por três.
Na prática, uma vitória de João Campos significará consolidar a volta da Frente Popular e do PSB ao comando do Palácio do Campo das Princesas após quatro anos de afastamento. Esse retorno teria efeito imediato na estrutura política do Estado, revitalizando o grupo que governou Pernambuco por quase duas décadas. Ao mesmo tempo, abriria caminho para a reeleição do prefeito do Recife, Victor Marques, em 2028. Com o governo estadual e a prefeitura da capital alinhados, João teria musculatura para chegar a 2030 com duas cartas na manga: disputar a reeleição e prolongar o ciclo de poder ou até mesmo ousar em um projeto presidencial, levando Pernambuco de volta ao protagonismo nacional.
Por outro lado, uma virada de Raquel Lyra reconfiguraria completamente o cenário. Vencer João Campos, que carrega o legado do PSB e de Eduardo Campos, representaria muito mais do que uma vitória eleitoral: seria a afirmação de Raquel como liderança consolidada e legitimada, capaz de imprimir um novo ciclo político em Pernambuco. Com o capital político reforçado, ela poderia viabilizar a eleição de um aliado para a Prefeitura do Recife em 2028, algo que o PSB conseguiu manter em suas mãos nas últimas duas décadas. Assim, chegaria fortalecida para disputar a sucessão estadual em 2030, com condições de eleger o sucessor e, quem sabe, de se projetar para uma candidatura nacional.
O simbolismo desse confronto é inevitável. Tanto João quanto Raquel são herdeiros diretos da mudança de paradigma político iniciada em 2006, quando Eduardo Campos e João Lyra quebraram a hegemonia vigente e comandaram a política pernambucana por duas décadas. Agora, quase vinte anos depois, seus filhos políticos se enfrentam numa disputa que pode ser considerada um dos maiores clássicos da história eleitoral do Estado. O vencedor, inevitavelmente, terá o poder de inaugurar um novo ciclo político que poderá marcar Pernambuco pelos próximos anos.
Essa eleição, portanto, não é apenas sobre quem governará Pernambuco nos próximos quatro anos. É sobre qual projeto de poder se consolidará: o retorno da Frente Popular e do PSB com João Campos, ou a afirmação de Raquel Lyra como liderança capaz de remodelar a correlação de forças no Estado. Os reflexos da disputa se espalharão por 2028, com impacto direto na eleição da capital, e por 2030, quando ambos estarão diante da possibilidade de projetar sucessores ou até candidaturas presidenciais.
O que se desenha, em resumo, é uma batalha de alto nível, carregada de simbolismo histórico e com efeitos de longo prazo. Pernambuco, mais uma vez, será palco de uma eleição que transcende seus limites locais para influenciar o xadrez político nacional. O vitorioso de 2026 não apenas governará o Estado: terá em mãos a chance de escrever um novo capítulo de protagonismo político para os próximos dez anos.
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