Atitude e engajamento marcaram shows de Babi Jaques & Lasserre, Maéve e Euzé na terceira noite do polo da música independente do FIG 2023
Uma noite de músicos e músicas viajantes, tanto no plano terreno quanto no criativo. E representativa da diversidade da cultura musical pernambucana. Assim foi o terceiro dia de programação de estreia do Palco Pernambuco Lo-Fi, o polo da música independente do Estado no Festival de Inverno de Garanhuns 2023, neste domingo (23), no Parque Euclides Dourado.
Nesses três primeiros dias o PE Lo-Fi chegou chegando e mostrando que é para ficar. No palco, cumpre papéis semelhantes aos do início de festivais como Abril pro Rock, Rec-Beat de Carnaval e Noa Ar – Coquetel Molotov: revelar novos talentos; dar espaço para artistas que se garantem e já estão há algum tempo na estrada sem maior visibilidade; e servir como vitrine para todos, todas e todes com uma estrutura de palco e som altamente profissional. E o público voltou a marcar presença mais uma vez lotando a área coberta do espaço e vibrando muito com as apresentações.
Recém-chegado de São Thomé das Letras (MG), o duo de música e artes visuais Babi Jaques & Lasserre deu o start no programa deste domingo. O casal passou quatro anos viajando pelo Brasil em uma van e, após um ano, voltou a estacionar em Pernambuco para lançar seu álbum Sóis, marcado por um universo sonoro próprio e repleto de encantamento com uma atmosfera lisérgica e transcendental.
Com uma formação de vozes, ukelele, percussão, efeitos e programação, a dupla faz uma música contemporânea que dialoga diretamente com a cultura popular. As viagens pelo País vêm ampliando esse repertório de referências ancestrais, como pôde ser conferido neste FIG 2023.
Natural do Recife e radicada em Belo Jardim (Agreste), a cantora Maéve e sua banda, que a acompanha há 11 anos, mostraram os temas do álbum Negra Tinta. Nessa vibe, começou logo o show dando o recado contra o racismo. “Mas também sou fofinha”, brincou, dizendo que estar na luta pelas questões sociais não a impede de também falar de amor em suas canções. “E também sou narcisista”, completou, para em seguida voltar aos assuntos mais incômodos com Cota Não É Esmola.
Também educadora, Maéve contou que está o projeto Negra Tinta para uma Educação Antirracista, que pretende levar para as escolas. E comemorou: “Dia 23 de julho de 2022 eu estava assistindo ao FIG e pensando: ‘Eu quero me apresentar aqui’. Dia 23 de julho de 2023: eu estou aqui”. Na plateia havia muitos fãs belo-jardinenses.
Foram dois shows, de Babi Jaques & Lasserre e Maéve, marcados pela ode ao amor e pela luta contra o preconceito, em especial o racismo.
O Agreste também esteve representado pelo cantor e guitarrista Euzé, de Garanhuns, que integra um coletivo de cantoria que compartilha cantigas e seus seres poéticos. Euzé, que também faz parte do grupo Cantoria Crua, mostrou seu trabalho solo com participações especiais de Natália Tenório e Aldo Passarinho. “Tem muita gente falando do FIG este ano. Considero uma programação justa, que os artistas esperaram por muito tempo”, falou.
Na abertura, nos intervalos e após o fim dos shows no PE Lo-FI há sempre um DJ. Não é música ambiente. Faz parte do projeto. No domingo, as picapes ficaram a cargo do potiguar DJ Sogos, que colocou a galera para dançar e garantiu a manutenção da vibe a noite toda.
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