Todas as vertentes do rock e o manguebeat ditaram o ritmo na sétima noite do FIG 2023
O rock reinou soberano na noite desta quinta-feira (27) no palco Mestre Dominguinhos do 31º Festival de Inverno de Garanhuns. Mas, claro, com o DNA pernambucano pulsando forte como já acontece em todo FIG 2023.
O tapete vermelho do festival foi estendido para Andrea Amorim, Tamarineira Azul, Mombojó, Arnaldo Antunes e Nação Zumbi em uma noite embalada por riffs, solos de guitarra e o batuque dos tambores de maracatu.
Do inventivo e inquieto titã Arnaldo Antunes ao maracatu de uma tonelada da Nação Zumbi, passando pelo rock pós-mangue da Mombojó e pela cena Garanhuns, representada por Andrea Amorim e Tamarineira azul teve para todos os gostos e públicos.
Nesta sexta-feira (28), o Polo Mestre Dominguinhos recebe a força ancestral futurista e pop dos grupos Barbarize, BaianaSystem e da cantora Uana e rap pioneiro de Gabriel O Pensador. A partir das 19 horas, também sobe ao palco Amor Eterno para abrir a noite.
ÍCONES DO ROCK - Abrindo os trabalhos na noite, a cantora Andrea Amorim mesclou suas canções autorais, com uma seleção de clássicos do rock nacional e internacional, com versões de Rita Lee, Cazuza, Nirvana e Raul Seixas. Natural de Garanhuns, a artista se prepara para comemorar 25 anos de carreira e se apresenta no FIG desde o ano 2000. Com uma base de fãs consolidada na cidade, Andrea se emocionou durante a apresentação ao ouvir os gritos do público.
Em seguida, subiram ao palco os rapazes da Tamarineira Azul. Devidamente trajados com chapéu de palha, os rapazes fazem um rock rural psicodélico que une influências do baião, ciranda e o aboio em uma simbiose da cena pós-mangue com o udigrudi recifense da década 70.
Emocionados em tocar pela primeira vez no palco do Festival de Inverno de Garanhuns, o grupo criou uma atmosfera íntima com a plateia e durante o show comemorou a valorização do artista de Garanhuns na edição 2023 do FIG. “O artista da cidade não tem muito espaço para se apresentar. Este ano tivemos um número maior de artistas de Garanhuns que foram convidados e esperamos que isso continue e aumente porque nós temos que ocupar os espaços que são nossos”, disse o vocalista Kleiton Robert.
Foi com os riffs de Faaca, música do seminal disco da banda, que a Mombojó subiu ao palco da praça Mestra Dominguinhos na noite desta quinta-feira. Em sequência, a banda emendou com Casa Caiada, Justamente, uma versão de Cometa Mambembe e Duas Cores.
O show foi uma mescla de toda a carreira da banda que atingiu um patamar de maturidade e segurança só visto em quem já acumulou muitos anos de estrada com uma intimidade entre as pessoas de quem sabe o que está fazendo. Felipe S., por exemplo, nunca esteve tão à vontade no palco para dançar e reger o público, que lotou o espaço e correspondia sempre que solicitado.
Dando uma premissa de como seria sua apresentação, o titã Arnaldo Antunes abriu o o show com A casa é sua e transformou o espaço em seu quintal particular. A partir daí, Arnaldo emplacou um clássico atrás do outro.
Foi uma seleção refinada da longa trajetória do cantor e compositor. Desde os tempos de titãs até a carreira solo, passando pela fase de Tribalista, Arnaldo passeou por uma das mais bem-sucedidas trajetórias da nossa música popular.
Reconhecido pela força da palavra em suas letras, Arnaldo passeou por diferentes momentos da sua obra, com canções como Invejoso, Fora de si, Socorro, Essa mulher, Meu coração, O Pulso e Judiaria encontraram Consumado e Televisão para o delírio do público, que implorou insistente por mais ao fim da apresentação.
Fechando a noite em grande estilo, a Nação Zumbi colocou todo o mundo pra pular com o som da lama do mangue. Aquecendo até a mais gelada alma que estava na praça Mestre Dominguinhos sob uma fina garoa, os mangueboys mesclaram músicas de seu último álbum com canções de toda a carreira, desde os tempos em que eram liderados por Chico Science.
Começando com Defeito Perfeito, os mangueboys emendaram Bossa Nostra, Quilombo Groove e Meu Maracatu pesa uma tonelada. Durante a apresentação Jorge Du Peixe, vocalista e líder do grupo, revelou que eles estão gravando um disco novo.
A partir daí foi uma sequência matadora com Manguetown, Um sonho, O Cidadão do Mundo, Maracatu atômico e Da Lama ao Caos. No FIG, a Nação provou – mais uma vez, diga-se de passagem – que continua sendo a melhor banda do país mesmo com todas as mudanças que passou nos últimos tempos.
No ano em que se completam 30 anos da primeira vez que a Chico Science & Nação Zumbi entravam em um estúdio profissional para gravar o disco Da lama ao caos, nada mais simbólico do que a chegada de Fred Zero Quatro, autor do manifesto Caranguejos com cérebro, ao camarim pós-show para encontrar seus amigos e celebrar a história em algum lugar da imensidão de Garanhuns. Chila Relê Domilindró!
Promovido pelo Governo de Pernambuco, por meio da Fundação do Patrimônio Histórico e Artístico de Pernambuco (Fundarpe), com investimento de R$ 11,6 milhões, o FIG 2023 reforçou a valorização do artista pernambucano, que compõe os 20 polos do festival, que prossegue até o próximo dia 31. São 398 atrações culturais. Desse total, 89,70% (357) selecionados pela convocatória são pernambucanos; e 10,30% (41) são de outros estados.
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