quarta-feira, 17 de setembro de 2025

Pernambuco corre contra o tempo

 

Foto: Yacy Ribeiro

Por Edmar Lyra

A governadora Raquel Lyra deu mais um passo relevante para imprimir sua marca administrativa em Pernambuco. Ao lado de deputados estaduais, ela sancionou nesta terça-feira (16) a lei que autoriza a contratação de um empréstimo de R$ 1,5 bilhão para obras estruturadoras no Estado. O gesto político vai além da solenidade: simboliza a consolidação de uma base de apoio na Assembleia Legislativa e a tentativa de transformar discurso em entrega concreta, em um momento em que sua gestão busca acelerar resultados.

O crédito autorizado tem destino certo: mobilidade, infraestrutura hídrica, saúde, segurança e educação. O Arco Metropolitano e a duplicação da BR-232, gargalos históricos da malha viária, despontam como prioridades. São projetos de alto impacto que podem redefinir a dinâmica logística e econômica do Estado, mas que também carregam riscos: prazos longos, custos elevados e a natural cobrança política da população. A governadora reconhece esse desafio quando afirma que “Pernambuco tem pressa”. Esse discurso, por sinal, não é apenas retórico — é um recado claro de que o governo está consciente da necessidade de acelerar o ritmo para dar respostas visíveis até 2026.

O ato de ontem também reforça a sintonia com a Assembleia Legislativa. A aprovação expressiva do Projeto de Lei nº 2692/2025 mostrou que a base governista, sob a liderança de Socorro Pimentel, está coesa em torno de uma agenda de investimentos. Na cerimônia, a deputada classificou a medida como “um dia histórico”, traduzindo o tom de otimismo que o Palácio das Princesas busca transmitir. A presença de mais de 20 parlamentares na assinatura foi estratégica: Raquel quis demonstrar apoio político robusto, sinalizando estabilidade institucional. Esse alinhamento é fundamental, sobretudo porque outros projetos de crédito, somando quase R$ 2 bilhões adicionais, ainda tramitam na Alepe e precisarão da mesma articulação.

O ponto central, contudo, é a execução. O governo diz que a operação de crédito só foi possível porque Pernambuco “organizou a casa” e tem capacidade de endividamento. É verdade que os indicadores fiscais permitem contrair novos empréstimos sem comprometer a solvência do Estado. Porém, a avaliação final será feita nas estradas duplicadas, nas escolas equipadas, nos hospitais reestruturados e nas torneiras das comunidades que hoje sofrem com a falta d’água. Raquel Lyra sabe que endividamento sem resultado palpável vira munição política para adversários.

Ao mesmo tempo, a governadora tenta imprimir uma narrativa de modernização da máquina pública. Outros dois projetos em análise — um de R$ 1,7 bilhão e outro de US$ 152 milhões com organismos internacionais — mostram que a estratégia não se limita às obras, mas também busca reforçar a gestão fiscal e administrativa. É um duplo movimento: entregar infraestrutura e modernizar a governança.

Em resumo, o empréstimo de R$ 1,5 bilhão é mais que uma operação financeira: é uma aposta política. Se bem-sucedida, Raquel Lyra pavimenta não apenas estradas, mas também sua trajetória como líder capaz de tirar Pernambuco da inércia. Se fracassar na execução, corre o risco de ser cobrada por promessas não cumpridas. A pressa que a governadora tanto repete é, na verdade, o relógio eleitoral já em contagem regressiva.

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