segunda-feira, 27 de março de 2023

Lula ficou no Brasil mas terá pepinos para descascar

Foto: Ricardo Stuckert

Por Edmar Lyra

Aconselhado pela sua equipe médica, o presidente Lula adiou a viagem que faria ontem à China por ter uma pneumonia leve. Com a decisão, tudo que estava no script para sua primeira viagem internacional deste mandato acabou sendo modificado. Apesar da orientação médica, engana-se quem imagina que o presidente terá repouso nos próximos dias, muito pelo contrário.

A semana que passou foi considerada muito ruim para o governo, pois teve as declarações do presidente sobre o senador Sérgio Moro numa entrevista e no dia seguinte a Polícia Federal desmontou um esquema do PCC para matar o ex-juiz da Lava-Jato. Ao comentar o caso, Lula afirmou categoricamente que tudo não passava de mais uma armação do seu adversário, negligenciando toda a investigação realizada pela PF.

Esse não é o único problema, na semana passada o Copom decidiu manter a taxa básica de juros em 13,75%, e a expectativa de inflação prosseguiu elevada para 2023, num claro sinal de que a economia não se recuperará nem tão cedo. As críticas feitas pelo presidente a Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central, não foram bem digeridas pelo mercado financeiro e o próprio Congresso Nacional não endossou mudanças na autonomia do BACEN aprovada sob as gestões de Arthur Lira e Rodrigo Pacheco na legislatura passada.

Por falar em Lira e Pacheco, Lula terá outro pepino para descascar, pois os presidentes da Câmara e do Senado, respectivamente, não vêm falando a mesma língua. Eles têm divergido sobre o rito de tramitação das Medidas Provisórias, que antes eram enviadas a uma comissão mista composta por doze deputados e doze senadores, depois seguiam para a Câmara e por fim apreciadas pelo Senado, mas com a pandemia houve uma mudança neste rito, garantindo mais poderes ao presidente da Câmara, que desde 2020 ficou responsável por pautar as MPs e indicar seus respectivos relatores.

Os senadores têm reclamado da demora da tramitação das MPs na Câmara e quando seguem para o Senado estão próximas de caducar, o que vem prejudicando a atuação dos senadores. O impasse está feito, exigindo de Lula muita capacidade de articulação para evitar novas rusgas entre Câmara e Senado. 

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