Com incentivo do Funcultura, festa contou com a participação de 11 maracatus de baque solto da região, e marcou o retorno do Carnaval para os brincantes, numa espécie de reencontro dos artistas de rua com a folia de Momo e o público
O Engenho Bringas, localizado na área rural de Tracunhaém, Zona da Mata Norte de Pernambuco, reconstruiu, neste domingo (29), sua história com a cultura popular, especialmente dos maracatus de baque solto da região, com a realização da primeira edição do Encontro de Maracatus no Cruzeiro da Bringa. O evento, promovido com recursos do Governo de Pernambuco, por meio do Funcultura, marcou a reabertura do engenho para os grupos de maracatu que há mais de 30 anos não se apresentavam no local. O que antes era ponto de confronto entre os caboclos de lança, hoje agora é um ponto de encontro da cultura popular e do resgate de uma história cheia de misticismo que estava sendo esquecida na região. Além disso, a festa também marcou o retorno do Carnaval para os brincantes, numa espécie de reencontro dos artistas de rua com a folia de Momo e o público, no chão de terra batida e em meio aos canaviais.
No engenho, ponto histórico da Mata Norte de Pernambuco, encontra-se o conjunto arquitetônico formado pela Capela de Santa Terezinha, o cemitério e o Cruzeiro da Bringa, marco místico da cultura do maracatu de baque solto. Segundo Alexandre Veloso, produtor do evento, o engenho fica em meio a uma encruzilhada marcada historicamente pelo povo de maracatu, pelos confrontos que ali aconteceram.
“Eram confrontos não bem mediados e isso causou mortes e pessoas feridas. Esse misticismo vive na oralidade de quem brinca maracatu de baque solto, e isso estava sendo esquecido, era um patrimônio histórico se esvaindo das memórias. O sentido, o objetivo principal do Encontro de Maracatus no Cruzeiro da Bringa, foi reviver essa memória e trazer pro centro da história do povo de maracatu”, explica Alexandre Veloso.
O evento contou com a participação de 11 grupos de maracatus da Mata Norte e Região Metropolitana, dentre eles os Patrimônios Vivos de Pernambuco Estrela de Ouro de Aliança, da Chã de Camará, e o Cambinda Brasileira, do engenho Cumbe de Nazaré da Mata. Participaram também o Cambidinha, de Araçoiaba; de Nazaré, o Estrela Brilhante, o Águia Dourada, o Águia Misteriosa e o Leão Misterioso; de Buenos Aires, o Estrela Dourada; e de Tracunhaém, os maracatus Leão Formoso, Pavão Dourado e o Estrela da Serra.
Quem esteve no encontro foi o secretário Estadual de Cultura, Silvério Pessoa, artista da terra nascido no município de Carpina e que viveu com intimidade a brincadeira dos maracatus da região. A participação de Silvério Pessoa foi significativa, pois também marca o traço da atual gestão que é a atenção ao artista da cultura popular, principalmente na Zona da Mata Norte do Estado.
“Estou aqui muito feliz por reencontrar a minha terra e minhas raízes. Por aqui eu brinquei, meus avós brincaram, meus bisavós também. Antes de secretário eu estou aqui como uma pessoa que tem o maior carinho e a memória de ter estado aqui e ouvido muito na infância essa sonoridade que os maracatus trouxeram. Um povo forte é um povo que tem suas matrizes culturais valorizadas. Este evento foi um grande encontro coletivo e isso marca o reencontro do nosso povo com a cultura de rua”, destacou o secretário de Cultura de Pernambuco.
Além dos maracatus, também participaram da brincadeira mestres de peso como João Paulo, Barachinha, Anderson Miguel, João Paulo Sobrinho, Bi e Zé Joaquim, entre outros. O encontro contou com ações de acessibilidade e intérpretes de Libras, além de área reservada para pessoas com deficiência e/ou com mobilidade reduzida.
Léo Salazar, secretário Executivo de Cultura, ressalta que toda a estrutura foi viabilizada graças ao apoio do Funcultura. “Isso mostra a importância da política de descentralização e regionalização que vem acontecendo nos últimos anos para que outras regiões do Estado, como a Zona da Mata, Agreste e Sertão, possam receber recursos do Fundo de Incentivo à Cultura e realizar encontros como este. Já de largada, o Encontro de Maracatus no Cruzeiro da Bringa tornou-se um grande evento pelo prestígio que recebeu, pela participação do público que teve e, com certeza, nós vamos ampliar a política de interiorização do Funcultura daqui pra frente”.
Um dos brincantes participantes foi o caboclo de lança Natanael de Andrade, mais conhecido como Natan, do Maracatu Pavão Dourado, de Tracunhaém, que viu no evento a abertura dos festejos do Carnaval, festa que há dois anos não tem sua realização. “A expectativa, independente dos anos que ficamos parados, é a maior. Porque nós que vestimos este manto e defendemos essa cultura sempre honramos e brincamos com amor e fé. Este encontro reza a lenda que, eu ainda na barriga da minha mãe, já tinha história dos maracatus que se encontravam e se enfrentavam aqui. Mas a gente veio aqui com a energia renovada para mostrar o brilho e a grandeza dessa cultura”, celebrou o artista.
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