Por Tales Faria – Pronto, o procurador-geral da República, Augusto Aras, já está trocando a camisa e o presidente da Câmara, Arthur Lira, também virou a casaca.
Tentam nos convencer agora que nunca foram bolsonaristas.
Depois de arquivar, negar e derrubar uma série de processos contra o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro, Aras agora anuncia: “Já tenho 40 denúncias contra os atos golpistas.” Daqui a pouco vai admitir incluir o próprio Bolsonaro em alguma dessas denúncias.
O Arthur Lira segue o mesmo caminho. Depois de aprovar, contra os cofres públicos todas as medidas ultra eleitoreiras que o ex-presidente quis, durante a campanha à reeleição, Lira agora vem e anuncia: “Nós temos CPFs diferentes, cada um responde pelo que faz.”
Pois é: a saída do poder tem um gosto amargo. O atual presidente, Luiz Inácio Lula da Silva, provou disso quando até ministros que empossou no Supremo Tribunal Federal durante seus dois primeiros governos se voltaram contra ele e patrocinaram sua prisão pelo então juiz Sergio Moro, da Lava Jato.
Agora é a hora de Bolsonaro provar do mesmo veneno dos vira-casacas.
Não é impossível que seu fiel escudeiro e ex-ministro da Justiça Anderson Torres resolva entregar o chefe. O homem até deixou nos Estados Unidos um seguro contra a possibilidade de o abandonarem: o seu celular.
Que telefonemas o Anderson Torres deixou lá registrados? Que provas ele pode ter guardado contra seus antigos aliados?
Temos agora um segundo misterioso celular nos Estados Unidos. O primeiro foi aquele do Gustavo Bebbiano, também ex-ministro de Bolsonaro e seu fidelíssimo escudeiro na campanha eleitoral de 2018. Bebbiano já está morto, mas antes havia sido chutado para fora do governo e teria guardado, num celular deixado em solo americano, segredos inconfessáveis contra o antigo chefe.
Vão se juntando celulares comprometedores na terra do Tio Sam. Onde isso vai parar a gente não sabe ainda.
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*Tales Faria, colunista no UOL em Brasília. Foi diretor, editor e colunista dos mais importantes veículos do país*
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