sexta-feira, 2 de setembro de 2022

Mais uma vez Marília Arraes não com parece a um debate, e foge de suas responsabilidades frente ao povo de Pernambuco

 

Foto: Janaína Pepeu

O primeiro grande debate transmitido por emissoras de TV, rádio e plataformas de internet e realizado entre os candidatos a governador de Pernambuco vai ao ar nesta quinta-feira (1) pela TV Nova, Rádio Cultura e Diario de Pernambuco, às 21h30. Os debates em emissoras de televisão e rádios entre candidatos de chapas majoritárias ao governo estadual ou à Presidência são meios imprescindíveis para o eleitor se informar sobre os concorrentes, conhecerem cada um e suas respectivas propostas. Evitar debates, recusar convites com frequência ou desistir de convites pode resultar em prejuízo para o processo democrático e para o eleitor. Esta é a opinião de muitos cientistas políticos. Duas estudiosas foram ouvidas pela reportagem, uma com atuação em Pernambuco; outra em Alagoas e Minas Gerais. O entendimento delas é que os debates funcionam para o eleitor como um direito e um importante atalho na busca por informações.

A ausência nesses debates para discussões nos meios de comunicação é um “prejuízo ao eleitor”. “Com o eleitor, é perverso demais porque ele perde oportunidade de se informar melhor”, diz Luciana Santana, cientista política, professora da Universidade Federal de Alagoas e integrante do Observatório das Eleições 2022. “O debate é uma grande possibilidade de ampliação de informação e comunicação dos candidatos para apresentar suas propostas”, considera. Como analista do meio político há décadas, Luciana diz que é comum que alguns candidatos, como estratégia, evitem os debates para não demonstrarem eventuais fragilidades. Luciana Santana é integrante do Observatório da Eleição, uma iniciativa do Instituto da Democracia e da Democratização da Comunicação (INCT IDDC), que reúne especialistas brasileiros de diversas áreas, como cientistas políticos, juristas, sociólogos e comunicólogos.

De Pernambuco, a cientista política e professora Priscila Lapa afirma que “o direito que o cidadão tem do acesso à informação é basilar numa democracia, principalmente nesse ápice que é o processo eleitoral. Então, qualquer barreira que se cria para esta informação é ruim e desgasta o processo democrático”. A postura de não contribuir com debates de forma geral “é como se estivesse negando ao eleitor o direito à informação”. Segundo ela, os debates funcionam como instrumento para aquele eleitor que não estava atento às campanhas ou que não teve tempo de absorver e analisar as propostas de cada postulante.

Explica Priscila Lapa que, com os debates, o eleitor pode dimensionar dois fatores decisivos para o voto: 1 – A parte racional do voto, que diz respeito às propostas dos candidatos; 2 – A parte emocional, características naturais do candidato, como a empatia, performance e capacidade de liderança, por exemplo. “Este é um momento histórico das grandes democracias e é crucial para o eleitor ter clareza sobre o papel de cada candidato”, diz. Priscila é uma das que defendem que melhor é todo candidato ir ao debate e desenvolver suas próprias estratégias para lidar com as situações. Ela considera que, aqueles que não participam de debates, podem passar a impressão para o eleitor que não têm coragem de se expor ou capacidade de debater.

HISTÓRIA – Em Pernambuco, os debates desta eleição de 2022 para governador vêm reunindo os principais candidatos da disputa; e quase todos têm participado também de sabatinas. Destaca-se, contudo, a repetida ausência da candidata Marília Arraes (Solidariedade) nesses espaços de diálogo nos veículos de comunicação. A um mês da eleição, até agora, Marília não esteve em um só debate com os demais candidatos. A possibilidade de realização de debates por veículos de imprensa está prevista na lei nº 9.504/97.

Um artigo assinado por Gabriela Rölke e publicado pela Revista IstoÉ em junho deste ano faz uma síntese da importância dos debates. O texto diz que “o debate pressupõe a democracia e a democracia pressupõe o debate, e nessa dinâmica dá-se ao eleitor, de forma republicana, a possibilidade de ele conhecer os programas políticos daqueles que pleiteiam a investidura de mandatos”.

O mesmo artigo rememora a história dos debates políticos no mundo, que ganhou força em 1960, nos EUA, quando o canal CBS reuniu o democrata John Kennedy e o republicano e favorito Richard Nixon. Naquela ocasião, Kennedy saiu-se mais eficiente de tal forma que muitos americanos dizem que ele foi eleito no dia 26 de setembro, data do debate, e não do dia 8 de novembro, data da votação.

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