Por Ricardo Antunes – A estranha movimentação promovida pelo presidente Lula (PT), de se posicionar contrário à abertura de CPI para investigar os ataques de 8 de janeiro, segue intrigando analistas políticos. O governo federal já avisou que parlamentares que assinarem a CPI serão preteridos na base. Apesar de estar certo quanto à “confusão tremenda” que o instrumento legislativo tenderia a causar, Lula peca estrategicamente por querer blindar um problema que, teoricamente, diria respeito ao seu principal adversário, o ex-presidente Jair Bolsonaro.
A decisão fez o jogo virar. Parlamentares da direita já passaram a criticar o presidente e defender que o Congresso investigue o caso. A despeito do presidente, que diz acreditar que o governo e os núcleos de inteligência de órgãos federais possuem mecanismos que podem realizar a apuração de forma autônoma. No entanto, oferecer cargos do 2º e 3º escalão para quem ajudar a barrar a CPI soa ridículo e dá argumentos aos opositores, que cravam que o presidente quer esconder algo e conduzir as investigações de forma que apenas beneficie a ele próprio.
Se é um trauma do Mensalão, que praticamente inviabilizou boa parte de sua primeira passagem pela Presidência, não se sabe. O episódio rendeu uma CPI complicadíssima, que quase gerou impeachment e poderia ter prejudicado a reeleição de Lula, em 2006. O petista conseguiu um novo mandato, mas a mácula ficou lá. Passadas quase duas décadas dos episódios e a frente de um novo mandato, Lula quer se blindar contra toda e qualquer investigação. Gato escaldado tem medo de água fria. E neste caso, chumbo grosso.
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