sábado, 4 de fevereiro de 2023

Secult-PE promove encontro histórico com lideranças da cultura periférica do Estado

 Reunião inédita, realizada no Teatro Arraial Ariano Suassuna, nesta quinta-feira (2), contou com a participação de mais de 60 lideranças artísticas da periferia ligados a grupos culturais, produtoras e movimentos sociais em Pernambuco

 


Um encontro histórico entre a gestão da Secretaria de Cultura de Pernambuco (Secult-PE) e fazedores culturais das periferias da Região Metropolitana e interior do Estado aconteceu, na tarde desta quinta-feira (2), no Teatro Arraial Ariano Suassuna. A reunião inédita, convocada pelo secretário de Cultura Silvério Pessoa, teve o objetivo de construir uma proposta de formação que atenda às necessidades de produção daqueles que fazem cultura popular em favelas e comunidades, uma população por vezes invisibilizada. Com uma grande representatividade artística e cultural, o debate contou com a participação de mais de 60 lideranças artísticas da periferia ligadas a grupos culturais, produtoras ou movimentos sociais de várias regiões pernambucanas.

 

A iniciativa é uma das principais propostas de Silvério Pessoa à frente da Secult-PE, que, já no dia 26 de janeiro deste ano, realizou uma reunião inicial com artistas e produtores culturais da periferia para discutir o assunto. Buscando descentralizar a exibição artística e estreitar os laços entre a periferia e a gestão pública, o evento foi batizado inicialmente de Seminário de Integração Artística das Periferias, e o convite para que a discussão pudesse ser aprofundada foi estendido aos fazedores de cultura e movimentos sociais de várias regiões do Estado.

 

Durante a conversa no Teatro Arraial Ariano Suassuna, foi discutida a importância deste modelo de fórum sobre arte e produção cultural periférica no qual artistas e fazedores de cultura possam desenvolver suas potencialidades. A iniciativa também tem o intuito de abrir momentos de escuta para entender as demandas artísticas das comunidades da Região Metropolitana e do interior, mapeando também os fazedores de cultura para promover a acessibilidade aos recursos públicos por meio de editais como os do Funcultura e das premiações promovidas pela Secult-PE.

 

O secretário-executivo de Cultura, Léo Salazar, explicou que a gestão pretende fazer articulação com órgãos como o Sebrae e o Sesc e vai receber as demandas apresentadas pelos artistas e produtores para formatar os encontros que deverão ocorrer no Recife e em cidades das demais regiões do Estado nos próximos meses, abertos a todos os fazedores de cultura interessados em participar desta construção.

 

Entre os participantes presentes estavam os artistas Katyucia, Pácua (Via Sat), Gilmar Bola 8, DJ Big e Zé Brown, representantes de movimentos sociais, como Altamiza Melo, coordenadora da Central Única das Favelas (Cufa), e a produtora Tactiana Braga.

 

Segundo Silvério Pessoa, o sentimento é de coletivo, acolhimento e de esperança por ter uma cultura revigorada em suas várias linguagens e expressões. “Outra coisa é o sentimento de historicidade. Eu nunca presenciei a turma do subúrbio, da periferia, com tanta representatividade. Tivemos a participação do Lamento Negro, um embrião da Nação Zumbi, e a lembrança de Chico Science no dia do seu falecimento, pessoas que fizeram essa cena tão efervescente se multiplicar. Depois de uma pausa abrupta, por motivos pandêmicos e do Brasil, a cultura popular volta a respirar um ar de renovação e de possibilidades. Fiquei várias vezes emocionado e acredito que para um início de ciclo de gestão foi muito importante este encontro”, celebrou o secretário de Cultura de Pernambuco.

 

Algumas das propostas sugeridas na reunião foram a criação de novos polos para fomento e produção cultural, além de parcerias com prefeituras, com o Compas e Sebrae, bem como as secretarias Estaduais de Educação e Saúde, de forma a capacitar e criar possíveis projetos educacionais voltados para o fomento cultural nas escolas da rede pública.

 

Como formação por oficinas, foi sugerido algumas temáticas sobre como sobreviver da arte sem dinheiro público e a autogestão da carreira artística, entre outros. A longo prazo foi também citado as ideias das caravanas de formação artística escolar e um edital para seleção exclusiva de cultura periférica.

 

Para Altamiza Melo, começar a gestão do novo governo debatendo a cultura que as favelas ressignificam, preservam e constroem dentro do País é de extrema importância. “Somos plurais e cultuamos o diverso. É muito importante ter um momento como este de debate. Importante a gestão entender que favela é qualquer lugar de ambiente de direitos cerceados, e passamos por vários atropelos na cultura. Começar um governo num diálogo com um grupo tão diverso já mostra que muita coisa vai andar e vai melhorar”, destacou a coordenadora da CUFA.

 

José Maia, fundador do bloco afro Lamento Negro, grupo com mais de 30 anos de atividade no bairro de Peixinhos, em Olinda, ressalta que o encontro teve relevância porque as periferias sempre foram esquecidas. “Me refiro ao favelado da cultura, aquele que trabalha o ano todo, não só em tempo de Carnaval. Este momento serviu também para sabermos o que estamos produzindo dentro das comunidades, tanto com o maracatu como coco, blocos afro, afoxés, os candomblés e tambores de Pernambuco. Não só tem favela na Região Metropolitana, tem também no interior do Estado, e é importante chamar esses músicos e artistas para contemplarem neste momento único de cultura e de aprendizado”.



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