segunda-feira, 21 de novembro de 2022

Emocionante a abertura da Copa do Catar que deu protagonismo à Pessoa com Deficiência


*Por Daniela Rorato —  Ver o ganhador do Oscar Morgan Freeman ao lado do influencer Ghanim Al Muftah é ver a “tal diversidade” que muitos ainda fingem que não existe. É sobre respeitar os “universos” e potencialidades de cada ser, quebrar todos os paradigmas e padrões e sacudir uma estrutura capacitista desumana. E mais importante, é mostrar que o mundo está se transformando.

A sociedade tem uma dívida imensa com as PcDs: sempre escondidas, vítimas de preconceitos, ora retratadas como inspiração, ora como objeto de compadecimento ou catarse alheia. Nunca sendo protagonistas.

Muftah tem uma síndrome rara que impede o desenvolvimento da parte inferior da coluna cervical. São 300 milhões de pessoas com algum tipo de doença rara no mundo em mais de 10 mil patologias catalogadas. São 13 milhões de raros no Brasil e estima-se que 500 mil em Pernambuco. Invisíveis.

Morgan Freeman ao lado do influencer, Ghanim Al Muftah, na abertura da Copa do Mundo

Muftah estava hoje ali para lembrar: “Eu existo. Eu posso. Eu quero pertencer a este mundo que se diz diverso.” E mais ainda: em um país como o Catar, com histórico de desrespeito às pautas fundamentais de Direitos Humanos: direitos das mulheres ou da comunidade LGBTQIA+, a mensagem é como uma resposta moral à uma cobrança: não existe evento ou acontecimento mundial sem inclusão da pauta identitária. Seja ela qual for.

A presença de uma pessoa com deficiência e de um homem negro bem sucedido foram cuidadosamente escolhidas e talvez aprazíveis ao perfil (chamam de cultura) daquele país. O saldo não deixa de ser evolutivo. Mas ainda falta muito para derrubar o radicalismo e discurso de ódio contra a existência humana presentes no Catar. Estejamos atentos.


Daniela Rorato é gestora de soluções inclusivas, empreendedora social e ativista que atua em defesa dos direitos da mãe cuidadora.


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