quarta-feira, 30 de novembro de 2022

Miguel Coelho e sua falta de identidade com a governadora eleita Raquel Lyra


Por Ricardo Antunes – Um dos maiores derrotados após as eleições foi o grupo dos Coelhos de Petrolina. Ainda tentando remendar as coisas, o candidato derrotado ao Governo de Pernambuco, Miguel Coelho (União Brasil), deu entrevista nesta terça-feira (29) à Rádio Folha FM. Mas pouco pode contribuir ao debate sobre o governo Raquel Lyra (PSDB), a quem apoiou no segundo turno, mas não demonstrou ter proximidade. Assim, os rumores de que ele poderia assumir uma secretaria começam a murchar.

Ao longo de 2021, Miguel, Raquel e Anderson Ferreira (PL), todos ainda prefeitos, iniciaram agendas em conjunto para ouvir demandas da população de diversos municípios. No entanto, conforme o processo eleitoral chegava, não houve a tão propagada união das oposições, e se caminhava para mais uma vitória fácil do PSB, que ainda não havia escolhido Danilo Cabral como candidato.

A entrada de Marília Arraes no jogo ajudou a mudar o cenário, já que ela era mais conhecida que os outros quatro. Raquel se beneficiou com o eleitorado do Agreste, que é quase o dobro do Sertão, base de Miguel, e ficou na vice-liderança em todas as pesquisas.

Na véspera da eleição, Miguel cometeu um erro primário: comemorou o segundo lugar, mesmo que num empate técnico, e divulgou vídeo nas redes. Abertas as urnas, terminou em quinto lugar. Seus dois irmãos, Fernando Filho e Antonio Coelho, estiveram entre os mais votados para a Câmara Federal e a Assembleia Legislativa, respectivamente. Mas ele ficou sem mandato, assim como seu pai, Fernando Bezerra Coelho, cujo mandato de oito anos encerra em fevereiro.

Assim, de quatro mandatos que o grupo tinha, restam dois. E faltam cargos. Só no Senado, cerca de 40 comissionados integravam o staff dos Coelhos, que também devem perder outros espaços, como Codevasf e a Fundação Joaquim Nabuco (Fundaj).

Após se eleger prefeito, em 2016, e sobretudo depois da reeleição, em 2020, Miguel foi tomando o controle do grupo do pai, que sempre sonhou em disputar o governo.

Com experiência de 40 anos de vida pública, FBC tentou ser candidato em 2018, após se desfiliar do PSB e ingressar no MDB, mas foi travado por Raul Henry e Jarbas Vasconcelos, que apoiaram a reeleição de Paulo Câmara. Fernando ficou no palanque da oposição, liderado por Armando Monteiro Neto, que perdeu novamente no primeiro turno. Depois virou líder de Bolsonaro no Senado, cargo que exerceu por três anos.

Numa eleição decidida nos mínimos detalhes, com cinco candidaturas competitivas, valeu o peso do recall. Marília havia sido preterida pelo PT em 2018, mas soube usar o discurso de vítima e rodou os quatro anos do estado como nome majoritário, tendo disputado a Prefeitura do Recife em 2020 e ido para o segundo turno. Raquel, Anderson e Miguel estavam em igualdade de patamar, assim como Danilo, todos desconhecidos e sem largada.

Com tudo nebuloso e uma pulverização de formas de se buscar informação, pesaria mais que tivesse um nome mais conhecido e palatável, o que foi ignorado pelos Coelhos ao preterir Fernando Bezerra. Agora, ainda para juntar os cacos, resta ver como eles sobreviverão tendo “apenas” a Prefeitura de Petrolina, com o aliado Simão Durando no comando, após décadas de vacas gordas. É isso.

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